Displasia do quadril: Como o diagnóstico precoce pode impactar no tratamento

18/02/2025

A saúde dos quadris na infância é um tema que gera preocupação para pais, pediatras e ortopedistas. Entre as condições mais relevantes está a Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ), que pode comprometer a formação adequada da articulação. Embora muitas vezes silenciosa, a DDQ, se não tratada precocemente, pode causar dores articulares, dificuldade para caminhar e, em casos graves, necessidade de cirurgias invasivas no futuro.

Antigamente conhecida como Luxação Congênita do Quadril, o termo foi substituído por Displasia do Desenvolvimento do Quadril. Isso porque entendemos hoje que, em muitos casos, os quadris não nascem fora do lugar, mas podem se deslocar durante as primeiras semanas ou meses de vida. Essa condição pode variar desde um quadril ligeiramente malformado até um deslocamento completo da articulação.

A DDQ afeta principalmente meninas, especialmente aquelas que ficaram em posição pélvica (sentada) no útero. Outros fatores de risco incluem:

  • Primeira gestação: O útero menos expandido pode limitar o movimento do feto.
  • Baixo volume de líquido amniótico (oligodraminia): Reduz o espaço para o bebê se movimentar.
  • Bebês grandes: Maior pressão sobre as articulações durante a gestação.
  • Associações com outras condições: Como metatarso aduto (pé curvado) e torcicolo congênito (pescoço com rotação limitada).

O quadril esquerdo é mais frequentemente afetado devido à posição típica do bebê no útero.

Como a DDQ é diagnosticada?

A identificação precoce da DDQ é essencial. Durante os primeiros dias de vida, o pediatra realiza manobras específicas, como os testes de Ortolani e Barlow, para avaliar a estabilidade dos quadris. Caso haja suspeita de instabilidade, ou em situações com fatores de risco, o bebê é encaminhado ao ortopedista pediátrico.
Os exames mais utilizados são:

  • Ultrassonografia do Quadril: Recomendado para bebês até 6 meses, pois o osso ainda não está totalmente formado.
  • Radiografia de Bacia: Indicada após os 6 meses, quando a formação óssea permite melhor visualização.

Nos primeiros meses de vida, o quadril ainda está em desenvolvimento e as intervenções são mais eficazes e menos invasivas. O diagnóstico tardio pode levar a complicações que exigem tratamentos mais agressivos e com maior impacto na vida da criança.

Tratamento Conservador (Até 6 Meses de Idade): Uso do suspensório de Pavlik, uma órtese ajustável que posiciona o quadril corretamente. Esse método é confortável para o bebê e extremamente eficaz.

Após os 6 Meses: Pode ser necessário o uso de gessos especiais ou cirurgias mais complexas para corrigir a posição da articulação.

Sinais de alerta para os pais

Os sinais de DDQ nem sempre são óbvios, mas fique atento a:

  • Assimetria nas pregas da coxa: Indicativo de desalinhamento do quadril.
  • Dificuldade em abrir as pernas completamente: Especialmente durante a troca de fraldas.
  • Estalos perceptíveis: Ao movimentar o quadril.
  • Diferença no comprimento das pernas: Pode causar alteração no jeito de engatinhar ou andar.

A falta de tratamento pode resultar em dores crônicas, dificuldade de locomoção e até artrite precoce no quadril. Em casos avançados, o paciente pode necessitar de cirurgias mais invasivas e longos períodos de reabilitação.

O diagnóstico precoce, por outro lado, garante um desenvolvimento saudável, livre de limitações físicas.

Se você percebeu algum sinal ou deseja garantir o melhor cuidado para o seu bebê, agende uma consulta com um ortopedista pediátrico. A avaliação é simples e pode fazer toda a diferença para o futuro do seu filho.