Pé torto congênito (Método Ponseti)
Tratamentos

O Pé Torto Congênito (PTC) é uma das deformidades mais comuns observadas em recém-nascidos, afetando aproximadamente 1 em cada 1.000 bebês nascidos vivos. Essa condição se caracteriza pela má formação dos pés, que estão virados para dentro e frequentemente apontam para baixo, com articulações rígidas que dificultam o movimento. Embora possa atingir apenas um pé, em cerca de 50% dos casos é bilateral, afetando ambos os pés.
A deformidade é atribuída ao encurtamento e tensão dos tendões e músculos que conectam a perna aos ossos do pé. Sem tratamento, o PTC pode causar dificuldades severas na mobilidade e impactar a qualidade de vida da criança, mas com o tratamento adequado, iniciado logo após o nascimento, as chances de correção são extremamente altas.
O que é o pé torto congênito?
O Pé Torto Congênito consiste em um conjunto de quatro deformidades principais que afetam a posição e o formato do pé:
Cavo: Arco plantar exagerado.
• Aduto: Parte dianteira do pé voltada para dentro.
• Varo: Calcanhar inclinado para dentro.
• Equino: Pé apontado para baixo, semelhante à posição de um equino.
Além dessas deformidades, o PTC é frequentemente associado à rigidez das articulações, o que distingue essa condição de deformidades menos severas, como o Pé Torto Posicional, que é mais flexível e não requer intervenções complexas.
O diagnóstico pode ser feito logo após o nascimento por meio de exame físico, sem a necessidade de exames de imagem. Em alguns casos, a suspeita pode surgir durante a gestação, com ultrassonografias morfológicas, mas a confirmação só é possível após o nascimento.
Sintomas e características
O PTC não causa dor na infância, mas pode se tornar extremamente debilitante se não for tratado. As características principais incluem:
• Pés visivelmente tortos, voltados para dentro e para baixo.
• Rigidez das articulações, dificultando a movimentação do pé.
• Presença de dobras profundas na planta dos pés devido à deformidade.
Nos casos em que apenas um pé é afetado, ele costuma ser menor e a panturrilha do mesmo lado pode ser menos desenvolvida.
Tratamento: Método Ponseti
O tratamento padrão-ouro para o Pé Torto Congênito é o Método Ponseti, desenvolvido na década de 1950 pelo médico espanhol Dr. Ignacio Ponseti. Esse método revolucionou o cuidado do PTC, substituindo as técnicas cirúrgicas antigas que frequentemente deixavam os pés rígidos e dolorosos.
O tratamento consiste em três etapas principais:
Manipulação e gessos seriados
O pé é cuidadosamente manipulado para corrigir as deformidades e, em seguida, é aplicado um gesso inguino-podálico (do pé até a coxa) que mantém o pé na nova posição. Os gessos são trocados semanalmente, geralmente ao longo de 6 a 8 semanas, até que o pé alcance uma posição adequada. Em casos mais graves, como em crianças com artrogripose ou mielomeningocele, esse período pode ser um pouco mais longo, com a necessidade de mais trocas de gesso.
Tenotomia do tendão de Aquiles
Ao final da fase de gessos, é comum que a deformidade em equino (pé apontado para baixo) ainda persista. Para corrigi-la, é realizada uma pequena cirurgia chamada tenotomia do tendão de Aquiles, onde o tendão é cortado para alongá-lo. Esse procedimento é rápido, realizado com anestesia local, e não exige intubação ou jejum prolongado. Após a cirurgia, o pé é engessado novamente, agora na posição corrigida, por mais 3 semanas.
Uso de órtese de abdução
Após a retirada do último gesso, o tratamento continua com o uso de uma órtese específica chamada órtese de abdução ou “botinhas de Pé Torto”. Essa órtese é essencial para manter a posição corrigida do pé e prevenir recidivas.
Resultados do tratamento
Com o método Ponseti, os pés tratados ficam flexíveis, funcionais e sem dor, permitindo que as crianças desenvolvam atividades físicas e esportivas normalmente. Estudos mostram que, quando o tratamento é seguido corretamente, o sucesso é alcançado em mais de 90% dos casos.
Embora o pé afetado possa ser um pouco menor e a panturrilha mais fina, isso não compromete a funcionalidade nem a qualidade de vida da criança. Muitos atletas profissionais tratados com o Método Ponseti demonstram que o PTC não é uma limitação para um futuro ativo e saudável.
Se o seu filho apresenta sinais de Pé Torto Congênito ou você deseja uma avaliação detalhada, agende uma consulta comigo. O diagnóstico precoce e o tratamento correto podem garantir que ele cresça com pés saudáveis e uma vida plena de possibilidades.